Documentos desmentem Eduardo Cunha sobre contas na Suíça
Procuradoria-geral da República diz que já tem indícios suficientes pra provar que dinheiro tem origem criminosa.
O Jornal Hoje divulgou em primeira mão documentos que comprovam a existência de contas bancárias na Suíça em nome do deputado Eduardo Cunha.
No pedido de inquérito do Ministério Público Federal há documentos com fotos do passaporte, da abertura de quatro contas bancárias na Suíça para o presidente da Câmara Eduardo Cunha, a esposa e a filha.
Na conta da empresa Triumph SP, há uma cópia do passaporte de Cunha. Na folha que registra o beneficiário efetivo da conta, aquele que controla os valores depositados nela, aparece o nome completo, a data de nascimento e um endereço na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Nesse documento que autoriza investimentos, aparece uma assinatura que seria de Cunha, semelhante a do passaporte.
As correspondências dessa conta não eram enviadas para o Brasil. Iam para um endereço nos Estados Unidos. A justificativa era que "o cliente vive num país onde não há um serviço postal seguro".
Uma mensagem de uma funcionária do banco em 2007 diz que Cunha informou que trabalhava no Palácio do Planalto e nos fins de semana ia pra casa na Barra da Tijuca. Na época, Cunha já era deputado federal.
Uma carta interna do banco de 2011 diz que Eduardo Cunha tem US$ 5 milhões em quatro contas: as principais são em nome das empresas Triumph SP e a Orion. A terceira conta é para pagamentos de cartão de crédito e a quarta, para um novo investimento em 2012, para um negócio do deputado na área de energia.
Nas outras contas também aparecem fotos do passaporte de Eduardo Cunha, da esposa, Claudia Cordeiro Cruz e da filha, Danielle da Cunha, e assinaturas do deputado. As contas eram usadas para pagar, por exemplo, aulas de tênis em uma academia americana e uma escola para adolescentes na Inglaterra.
O banco pergunta se o cliente, Cunha, estava abrindo a conta no mesmo país em que tinha negócios. A resposta: Eduardo Cunha deseja trabalhar na Suíça.
O banco pergunta se o cliente, Cunha, estava abrindo a conta no mesmo país em que tinha negócios. A resposta: Eduardo Cunha deseja trabalhar na Suíça.
A filha de Eduardo Cunha, Danielle, também vai ser investigada por ter um cartão de crédito vinculado a uma conta que está em nome de Cláudia Cruz.
Para descobrir a origem do dinheiro de Cunha na Suíça, os investigadores também rastrearam os pagamentos feitos no exterior pelo empresário João Augusto Henriques para Eduardo Cunha.
De junho a julho de 2011, João Augusto Henriques depositou 1,3 milhão de francos suíços, o equivalente a US$ 1,5 milhão, na conta Orion de Eduardo Cunha, divididos em cinco depósitos.
Segundo os investigadores, a transferência foi feita semanas depois de a Petrobras pagar US$ 34,5 milhões pelos direitos de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África. Depois desse negócio, João Augusto Henriques recebeu US$ 10 milhões de comissão.
Na noite de quinta-feira (15), o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de um segundo inquérito pra investigar o deputado Eduardo Cunha, exatamente por causa dessas contas na Suíça. A procuradoria-geral da República diz que já tem indícios suficientes pra provar que essas contas no exterior são produto de crime.
O patrimônio de Eduardo Cunha declarado à Justiça Eleitoral é de R$ 1,6 milhão. Mas os procuradores estimam que o patrimônio do deputado na época da abertura das contas na Suíça era muito maior: de aproximadamente US$ 16 milhões.
O procurador-geral da República em exercício, Eugênio Aragão, disse nesta sexta-feira (16) que há indícios suficientes de que as contas no exterior de Eduardo Cunha não foram declaradas e que, em relação a Cunha, são produto de crime.
A procuradoria pediu ao Supremo Tribunal Federal que confirme o bloqueio dessas contas na Suíça. E autorize trazer de volta para o Brasil o dinheiro depositado nelas.
A procuradoria-geral da República também cita uma frota de carros de luxo que Eduardo Cunha usa no Rio de Janeiro, como Porsche Cayenne, Touareg, Corolla, Edge, Tucson, Pajero Sport, no valor de quase R$ 1 milhão. Segundo a procuradoria, os carros estão registrados em nome das empresas C3 e Jesus.com, que pertencem a Cunha e a esposa.
Em outra frente, no complemento à denúncia contra Eduardo Cunha, o Ministério Público apresenta novos detalhes sobre a propina que Cunha teria recebido em contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras no valor de US$ 5 milhões, o equivalente hoje a R$ 19 milhões.
Em outra frente, no complemento à denúncia contra Eduardo Cunha, o Ministério Público apresenta novos detalhes sobre a propina que Cunha teria recebido em contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras no valor de US$ 5 milhões, o equivalente hoje a R$ 19 milhões.
O documento diz que parte desse valor, R$ 7 milhões, foi repassado por Julio Camargo a Fernando Baiano em dinheiro vivo para ser entregue a Eduardo Cunha.
Segundo os procuradores, o lobista e delator Júlio Camargo também se comprometeu a pagar Eduardo Cunha em horas de voo, por meio do fretamento de táxi aéreo para Cunha ou para pessoas indicadas pelo deputado.
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